Aliás… Aqui no Brasil, costumamos chamar as guitarras elétricas apenas de guitarra, já que sua contraparte acústica é chamada de violão. Mas na língua inglesa, há a necessidade de especificação, já que ambos os instrumentos são homônimos: guitar. Assim, o violão é chamado de acoustic guitar, enquanto que a guitarra é nomeada como electric guitar, que também pode ser receber o nome mais específicos e solid body guitar, já que há as guitarras semiacústicas, que são as hollow body guitar.
Mas voltando ao assunto… Tudo começou com a "Frying Pan", apelido para a célebre Rickenbacker Electro A-22, a primeira guitarra elétrica (sim, no Brasil, "guitarra elétrica" pode parecer pleonasmo) da história, desenvolvida em 1931, lançada comercialmente em 1932 pela Ro-Pat-In Company (depois renomeada como Rickenbaker), registrada em 1934 e patenteada em 1937. O instrumento, com pequeno corpo redondo de metal e somente um captador de bobina única (single coil), parecia realmente um frigideira (frying pan), e foi inventado para oferecer mais volume sonoro, ou amplitude, aos músicos, já que os tradicionais violões sumiam na mix entre instrumentos com maior potência sonora ou em ambientes ruidosos, como os bares e as ruas dos grandes centros urbanos, que já viviam com o problema da poluição sonora.
O surgimento do novo e ousado instrumento só foi possível por conta da invenção do captador, que é responsável por converter as vibrações das cordas em sinais elétricos que podem ser amplificados. E para que esses sinais elétricos fossem amplificados, eram necessários os amplificadores, que por sua vez, só eram possíveis por conta dos tubos a vácuo (vacuum tubes), mais conhecidos no Brasil como “válvulas”, assim como no Reino Unido, onde são chamados de valves.
Depois da Frying Pan, vieram muitas cópias, versões, similares ou como você quiser chamar: Vivi-Tone, em 1932; os modelos da Gibson, Volu-Tone e Dobro, em 1933; Regal e a linha Electar da Epiphone (adquirida pela Gibson em 1957), em 1935; Vega, Slingerland e Sound Projects, em 1936; e Audiovox, no início de 1937; todas com captadores com design muito próximo ao da A-22. Daí em diante, a história seguiu o seu corso, com nomes que hoje são conhecidos por praticamente todo guitarrista, como Gibson ES-150 (1936), Fender Telecaster (1950), Gibson Les Paul (1952), Gretsch 6120 (1954) e Fender Stratocaster (1954), cada qual com suas singularidades, que contribuíram para o desenvolvimento e expansão do mercado de guitarras.
Tudo isso e muuuuuito mais está no livro Play it Loud: An epic history of the style, sound, and revolution of the electric guitar, de Brad Tolinski e Alan Di Perna, publicado originalmente em 2016, pela Anchor Boos, subsidiária da gigante Penguin Random House. Em suas 380 páginas com formato próximo ao A5, o livro traz praticamente tudo o que você gostaria de saber sobre o instrumento que revolucionou a música a partir da primeira metade do século XX e se tornou símbolo do rock, do blues e de outros gêneros. E o que poderia ser uma leitura fastidiosa, com toneladas de datas, nomes e dados técnicos, foi transformada em narrativas detalhadas, convidativas e instigantes, o que faz o leitor devorar o livro sem ver o tempo passar.
Um livro para ler, reler e consultar várias e várias vezes.
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