O black metal que combate a escória de dentro

Creio que não seja novidade pra ninguém, ao menos para aqueles que gostam de metal, que a cena black metal (BM) é infestada de fascistas, neonazistas, racistas, ufanistas, xenófobos, misóginos e homofóbicos. Uma simples busca na Encyclopaedia Metallum sobre os termos acima vai revelar uma quantidade absurda de bandas do chamado National Socialist black metal (NSBM), a escória dentro de um gênero que nunca foi lá, digamos, muito preocupado com questões éticas ou sociais, tendo como foco principal o satanismo e, o anticristianismo (até aí, tudo bem. rs), além do nacionalismo e do enaltecimento das origens culturais pagãs. Bom, deu no que deu.

Mas como era de se esperar, toda essa manifestação de extrema direita dentro da cena BM fez surgir uma movimentação de oposição, que almeja expurgar os fachos ou, no mínimo, incomodá-los a ponto de não se sentirem mais em terreno seguro dentro do BM. O antifascismo dentro dessa cena específica tem identidade e nome próprios: red and anarchist black metal (RABM) ou anti-fascist black metal (AFBM), cuja quantidade de bandas que se identificam ou simpatizam com a causa vem aumentando a cada dia. Felizmente.

E é este movimento de combate ao neofascismo dentro do BM o tema do livro Tonight It’s a World We Bury: Black Metal, Red Politics, um feliz achado com o qual me deparei por acaso na rede mundial de computadores. O autor Bill Peel aborda o BM por uma ótica anticapitalista, revolucionária e de esquerda, com citações de Marx, Nietzsche, Deleuze, entre outros pensadores

Um livro que vale uma atenta leitura para servir de inspiração para o combate à cooptação do BM pela extrema direita e afins.

Para conhecer bandas RABM/AFBM, segue uma playlist feita com base em muita pesquisa:

Referência:

PEEL, Bill. Tonight It’s a World We Bury: Black Metal, Red Politics. Londres: Repeater Books, 2023.

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