Indie games: alternativa aos AAA apresentada em documentário


No último post deste modesto blog, comentei um pouco sobre a série documental GDLK, que me levou a mencionar os indie games, o que, por sua vez, motivou-me a escrever o artigo de hoje, sobre o documentário Indie Game: The Movie (2012). Porém, antes de tudo, convém explicar o que são, de onde vêm e como vivem os indie games.

Conforme consta, ipsis litteris, em minha dissertação de mestrado:

Games independentes (indie) podem ser considerados com o oposto de games mainstream, no sentido que “[…] o mainstream é aquele cujo objetivo de popularidade e lucro sobrepõe a criatividade, a autoexpressão e a arte. Portanto a atitude é que define independência, não somente uma métrica de faturamento e popularidade. […] os ‘indies’ não se caracterizam por sua natureza underground, mas por uma questão de posicionamento conceitual e ideológico, onde a produção cultural e criativa encontra sua centralidade.” (ZAMBON; CHAGAS, 2018, p. 1). Ou seja, os indies são games com propostas próprias e ampla liberdade criativa, que não seguem os padrões corporativos da indústria e dos grandes estúdios, voltados à popularidade e ao lucro, com grandes equipes e investimentos milionários. Os games indie costumam ter visual gráfico elaborado em estilo 2D retrô ou não convencional, são desenvolvidos por equipes pequenas, trazem mecânicas experimentais e muitas vezes temas afrontosos ou intimistas (PRIETO; NESTERIUK, 2021; PEREIRA, 2018). Os indies podem ser subdivididos entre profissionalizados, que adotam práticas profissionalizadas de trabalho, assemelhando-se ao restante da indústria; e não profissionalizados, ligados a práticas amadoras e hobbistas (PEREIRA, 2018).

Trocando em miúdos, os games indie são aqueles desenvolvidos geralmente por pequenas equipes e com foco mais orientado à criatividade e/ou ao experimentalismo do que às fórmulas que costumam garantir grandes lucros (objetivo mor dos AAA, ou triple A, como são conhecidos os games produzidos pelos grandes estúdios), características essas que são muito presentes nos três principais indie games abordados em Indie Game: The Movie, que são os excelentes Braid (2008), Super Meat Boy (2010) e FEZ (2012). O documentário canadense, em seus 96 minutos, traz entrevistas com os desenvolvedores, que contam um pouco de sua trajetória e dos dramas vividos durante a árdua produção dos games.


O interessante documentário recebeu premiações, muitas críticas positivas e gerou uma "continuação", Indie Game: Life Afterque na verdade se trata de uma coleção de minidocumentários sobre os desenvolvedores que protagonizam o primeiro filme e o impacto que seus games causaram em suas vidas, além de entrevistas com outros desenvolvedores independentes, entre outros temas relacionados aos indies.


Referências:

PEREIRA, Leônidas Soares. A independência dos jogos: um estudo sobre a percepção do jogador brasileiro. In: SBGAMES, 17., out./nov. 2018, Foz do Iguaçu. Anais eletrônicos…: Culture Track – Short Papers. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2018. Disponível em: http://www.sbgames.org/sbgames2018/files/papers/CulturaShort/186779.pdf.

PRIETO, Daniel Teixeira; NESTERIUK, Sérgio. Indie Games BR: estado da arte das pesquisas sobre jogos independentes no Brasil. In: SBGAMES, 20., out. 2021, Gramado. Anais eletrônicos…: Industry Track – Full Papers. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2021. Disponível em: http://www.sbgames.org/proceedings2021/IndustriaFull/218217.pdf.

ZAMBON, Pedro Santoro; CHAGAS, Caio José Ribeiro. Produção independente de jogos digitais: o desenvolvedor “Lone Wolf”. In: SBGAMES, 17., out./nov. 2018, Foz do Iguaçu. Anais eletrônicos…: Industry Track – Full Papers. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2018. Disponível em: http://www.sbgames.org/sbgames2018/files/papers/IndustriaFull/189970.pdf.

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